LEANDRO ALVES DA ROSA
A Petrobras anunciou nesta segunda-feira um reajuste de 8,87% no preço do óleo diesel para as distribuidoras. De acordo com a estatal, o litro nos postos terá aumento médio de R$ 0,40 já a partir de hoje. Em Santa Maria, o valor médio deve passar de R$ 6,48 para R$ 6,88.
A Petrobras informou que é o primeiro aumento do combustível em 60 dias. A gasolina e o gás de cozinha não terão reajuste de preços, ao menos, por agora.
Com o reajuste, a mistura obrigatória de 90% de diesel A e 10% de biodiesel passará a custar para a distribuidora R$ 4,42 por litro, em vez dos atuais R$ 4,06, uma alta de R$ 0,36. Essa é a parcela da Petrobras no preço cobrado do consumidor, que ainda inclui custos e margens de lucro das distribuidoras e dos postos de combustível, além do ICMS.
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A empresa justifica o aumento informando que o balanço global de diesel está sendo impactado, neste momento, por uma redução da oferta frente à demanda.
“Os estoques globais estão reduzidos e abaixo das mínimas sazonais dos últimos cinco anos nas principais regiões supridoras. Esse desequilíbrio resultou na elevação dos preços de diesel no mundo inteiro, com a valorização deste combustível muito acima da valorização do petróleo. A diferença entre o preço do diesel e o preço do petróleo nunca esteve tão alta”, informou a Petrobras em nota.
Ainda segundo a estatal, suas refinarias estão operando próximo ao nível máximo e que o refino nacional não tem capacidade de atender a toda a demanda do país.
“Dessa forma, cerca de 30% do consumo brasileiro de diesel é atendido por outros refinadores ou importadores. Isso significa que o equilíbrio de preços com o mercado é condição necessária para o adequado suprimento de toda a demanda, de forma natural, por muitos fornecedores que asseguram o abastecimento adequado”, explica a estatal na nota distribuída à imprensa.
INDIGNAÇÃO
Na semana passada, o diesel comum custava, em Santa Maria, entre R$ 6,09 e R$ 7,10, conforme pesquisa da Agência Nacional do Petróleo (ANP) feita entre 1º e 7 de maio. Com o aumento de R$ 0,40 projetado pela Petrobras nos postos, os preços devem ficar entre R$ 6,49 e R$ 7,50 no município.
Ontem, entidades nacionais que representam os caminhoneiros criticaram o novo aumento do diesel. O presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, disse que a categoria está indignada. Ele alertou sobre o aumento de preços dos alimentos em geral devido ao custo maior dos fretes.
– Isso vai impactar automaticamente na gôndola do supermercado. A orientação aos caminhoneiros é repassar essa conta – afirmou o líder dos caminhoneiros, que também criticou a política de preços da Petrobras.
DIFICULDADE
O preço do diesel há muito exige alterações na rotina dos caminhoneiros. Jovani da Silva Andrade, 32 anos, mudou o roteiro das viagens. Ele viajava regularmente para levar cargas ao porto de Rio Grande. Com a redução nos ganhos, está mais difícil fazer a manutenção do caminhão. Por isso, ele passou a concentrar a atuação mais na região de Santa Maria.
– O valor do diesel está muito alto e o frete muito baixo. Diminui o lucro. É bem apertado. Não sobra quase nada. É bem difícil manter o caminhão e a manutenção – reclama.
A redução no lucro é sentida também no dia a dia pelo caminhoneiro Lioni Weber da Costa, 56 anos, morador de Rosário do Sul. De acordo com ele, do valor do frete, 65% são destinados ao diesel. Ao somar o restante das despesas, como pedágio e a comissão do motorista, o lucro acaba ficando em 20%. E isso caso não ocorra nenhum imprevisto com o caminhão, que demande despesas extras.
– Está ficando cada vez mais difícil. Os fretes não aumentam. O diesel está aumentando toda a hora, e o nosso lucro está cada vez diminuindo mais. Se subir mais R$ 0,40, vai ficar quase inviável de viajar – relata Costa.
CUSTO DE VIDA
Com e transporte predominantemente rodoviário no país, o aumento do preço do diesel impacta diretamente no custo de vida, ao provocar aumento na cesta básica. De acordo com o economista Alexandre Reis, ao haver um acréscimo, consequentemente, haverá repasse aos preços finais dos produtos.
Em maio, já devem ocorrer oscilações maiores de preços.
– Aquele efeito de cadeia, de continuidade que ocorre quando tem aumento de combustível dada à situação propícia da nossa economia interna. Quase 90% do nosso modal de transporte é terrestre. Então, isso impacta muito – afirma o economista.
Francine Boijink, francine.boijink@diariosm.com.br